Gigantes da internet foram obrigadas a ceder dados para grampos do governo dos EUA

Algumas das empresas mais conhecidas e importantes da internet foram obrigadas a ceder dados de clientes para o governo dos Estados Unidos, de acordo com novo documento revelado pela imprensa internacional. Entre as companhias que tiveram seus sistemas acessados pela NSA (sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) estão Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, Skype e YouTube.
De acordo com documento divulgado pelo The Guardian, uma apresentação de Power Point com 41 slides, os grampos eram realizados “diretamente dos servidores” das maiores empresas dos EUA e incluíam e-mails, arquivos anexados, vídeos e conversas online.
A obtenção compulsória dos dados foi iniciada na Microsoft, em 2007, ainda sob o governo de George W. Bush. Sob a gestão de Barack Obama, no entanto, a prática foi intensificada e passou a atingir um número maior de companhias.

Segundo o arquivo obtido pelo jornal britânico, o Google se disse “preocupado com a segurança das informações” de seus usuários. “Divulgamos os dados do usuário para o governo, de acordo com a lei, mas desejamos a revisão de todos esses pedidos com cuidado. De tempos em tempos, as pessoas alegam que criamos um governo paralelo em nossos sistemas, mas o Google não tem controle se o governo acessar dados particulares do usuário.”
Executivos de algumas das empresas citadas na reportagem, como a Apple, dizem que "nunca ouviram falaram nessa invasão" de seus sistemas. "Se eles estiverem fazendo isso, estão fazendo sem o nosso conhecimento."
O acesso, por parte de Washington, às bases de dados dessas importantes companhias aumenta o escândalo da espionagem do governo dos EUA a milhões de seus cidadãos. Nesta quinta-feira (06/06), a Casa Branca confirmou o grampo aos registros telefônicos de clientes da operadora Verizon.

Políticos defendem medida


Pessoas ligadas ao governo e líderes políticos norte-americanos saíram em defesa da prática, minimizando possíveis efeitos negativos. Um alto funcionário da Casa Branca, que não quis se identificar, afirmou que as informações coletadas a partir dos registros telefônicos ajudam a “proteger a nação contra ataques terroristas”. Ele acrescentou que os dados a que a NSA teve acesso não incluem “conteúdo de nenhuma comunicação nem o nome de nenhum assinante", envolvendo apenas “dados, como um número telefônico ou a duração de uma chamada". Tal prática permite ao setor que cuida de antiterrorismo descobrir se terroristas conhecidos ou suspeitos “estiveram em contato com outras pessoas que podem estar envolvidas em atividades criminosas”.
O funcionário também insistiu na legalidade do recolhimento de informação de inteligência, assegurada pela FISA (sigla em inglês para Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira), de 1978, que possibilitou a criação da Corte Fisa, responsável por conceder a ordem judicial secreta no caso da Verizon, segundo o Guardian.
Entretanto, o artigo do jornal britânico afirma que os registros aconteceram sem levar em consideração se os autores das chamadas tinham cometido algum delito, o que aparentemente foge ao estabelecido pela lei FISA, que se limita aos suspeitos de terrorismo ou agentes de outro país. 
O senador Saxby Chambliss, principal republicano no painel de inteligência norte-americana, disse que “os números são basicamente coletados por computador”. O também republicano Lindsey Graham, por sua vez, declarou que não vê problemas nessa prática, por ser “imperativa” na “guerra ao terror”. “Se não fizermos isso, seremos loucos”, afirmou.
Já o deputado republicano Mike Rogers, presidente do House Intelligence Committee norte-americano, revelou em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira que a medida da NSA ajudou a impedir um número significativo de ataques terroristas domésticos nos últimos anos, mas não deu mais informações sobre o assunto.
As revelações suscitam preocupações quanto ao tratamento dado por Barack Obama às questões de privacidade e liberdade de expressão. O governo já havia sido criticado por ter grampeado os telefonemas de jornalistas da Associated Press e vasculhado os e-mails de um repórter da TV Fox, como parte de suas investigações sobre o vazamento de documentos oficias. 


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